Que o processo de recrutamento e seleção mudou de uns tempos para cá não é novidade. Mas as empresas têm se aproveitado cada vez mais da tecnologia para incrementar e melhorar seus processos de seleção de novos funcionários. Será?
Triagem automática
Pela quantidade de candidatos se inscrevendo para as vagas de emprego – antes os recrutadores tinham que ler mais de 500 currículos na primeira fase do processo de recrutamento e seleção – há algum tempo as empresas passaram a utilizar softwares que ajudam a fazer a triagem dos currículos aderentes àquela posição divulgada pela empresa.
Com essa automatização, a empresa faz o contato com os candidatos que realmente possuem as competências que a vaga exige, uma vez que um primeiro filtro já foi feito. Porém, isso faz com que o candidato tenha que elaborar muito bem o seu currículo para deixar claro que possui as competências necessárias para a posição, caso contrário, não passará para a fase seguinte da seleção.
Entrevista por robôs
Além da triagem, algumas empresas estão incrementando a tecnologia no seu processo e incluindo-a também em outras fases da seleção, como a entrevista inicial. O candidato passa por uma entrevista com chat bots (softwares que simulam a fala humana capazes de bater papo com usuários) conduzida por Inteligência Artificial antes de fazer o contato com o recrutador.
Isso vem para tentar minimizar alguns vieses do recrutador, tais como algum tipo de preconceito, a percepção de que o recrutador “não foi com a cara” do candidato ou pegou um “ranço” dele.
Como essa primeira entrevista é feita por vídeo, o robô avalia diversos aspectos da interação além das respostas – analisa as expressões faciais do candidato, a entonação da voz dele e até mesmo a escola das palavras.
E as consequências?
Esse novo processo de recrutamento e seleção é bacana, mas há alguns pontos de atenção que devem ser levados em conta.
- Automatizar um processo de seleção de colaboradores para a empresa pode engessar o processo. Como ele é padronizado, ele não abre exceções e tira oportunidades de avaliar outros ângulos que se tem quando o processo é mais flexível.
- Robotizar o processo faz com que ele perca a conexão humana, que é importante para a definição do colaborador ideal para a vaga. Apesar de ser um processo formal, o contato humano traz uma troca que com o robô se perde, e a seleção passa a ser “fria”.
- Ainda, o processo nesse formato pode ser estressante, uma vez que os candidatos ficam tensos e nervosos ao elaborar o currículo e ao interagir com uma máquina. A insegurança toma conta do candidato, que pode ser prejudicado durante o processo e a relação pode também se tornar robotizada e engessada.
Robô tem preconceito?
Um ponto a levar em consideração é que dependendo do que é usado no treinamento da Inteligência Artificial, ela pode sim estar sujeita a ser preconceituosa. Ao eliminar candidatos por um viés preconceituoso (mulheres, pessoas mais velhas, ou outra característica) por exemplo, faz a empresa perderem fortes candidatos à posição que se está buscando preencher.
Um caso que ocorreu em 2018 ilustra bem essa questão. A Amazon deixou de usar um programa no seu processo seletivo, pois os desenvolvedores identificaram que ele discriminava candidatas mulheres.
Usar ou não usar tecnologia: eis a questão
A pandemia fez o mundo corporativo adotar fortemente meios virtuais de contato e tecnologias, tanto para a contratação de profissionais (por meio de ligações e entrevistas virtuais em plataformas de vídeo) como para seus processos internos e para a nova rotina de trabalho.
Cabe à empresa analisar até que ponto a tecnologia ajuda os processos, quanto o contato pessoal ajuda a entender os candidatos, e como a cultura da empresa está aderente a essas novidades.
Nathália Tramontina CEO do Portal de Ideias
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